Metaphor ou Persona 6?
- Eduardo de Assis
- 5 de out. de 2024
- 3 min de leitura

No dia 26 de setembro, a Atlus liberou a demo do prólogo de Metaphor: Refantazio, um dos grandes lançamentos esperados para 2024. O jogo, desenvolvido pelo Studio Zero (formado por antigos membros do P-Studio), está em produção desde 2017 e tem seu lançamento marcado para o dia 11 de outubro de 2024 para PS4, PS5, Xbox Series e PC.
Desde a revelação do primeiro trailer em 2023, surgiram muitos questionamentos sobre se a equipe composta por Katsura Hashino, Shigenori Soejima e Shoji Meguro conseguiria se afastar da fórmula consagrada e das mecânicas estabelecidas em Persona. Embora os trailers mostrassem algumas semelhanças entre os jogos, também destacavam diferenças significativas.

Agora, com a demo do prólogo disponível desde o final de setembro, finalmente pudemos experimentar as primeiras horas de Metaphor: Refantazio e tirar algumas conclusões. E já adianto: Metaphor definitivamente não é Persona 6. Apesar de trazer releituras de algumas mecânicas consagradas da série da Atlus, o jogo segue sua própria identidade.
Uma das mecânicas mais reconhecíveis é o Social Link. Para quem não conhece a estrutura de Persona, vale explicar: o jogo se divide em dois momentos principais. O primeiro envolve a exploração de dungeons (em Persona chamam-se mementos, palácios ou Tartarus, dependendo do título), onde os protagonistas enfrentam inimigos conhecidos como sombras, ganham níveis e seguem o estilo tradicional de um JRPG. Já o segundo momento se passa na “vida real” do protagonista, que vive seu cotidiano como um estudante. Nessa fase, o jogador se relaciona com outros personagens em um estilo semelhante a um visual novel ou dating sim, liberando melhorias e upgrades que impactam o desempenho nas batalhas.

Na demo de Metaphor, é possível confirmar que o sistema de relacionamentos sociais, semelhante ao Social Link, está presente. Mesmo sendo muito associado à série Persona, essa mecânica só foi introduzida no terceiro título da franquia, lançado em 2006 para o PlayStation 2. Os jogos anteriores tinham uma abordagem mais próxima de Shin Megami Tensei, sem dar tanto foco às interações sociais.
Na minha opinião, essa mecânica de Social Link está mais relacionada à direção dos jogos sob o comando de Hashino do que à franquia Persona em si, já que está presente em todos os três jogos da franquia dirigidos por ele. Seria possível afirmar que essa é uma marca registrada do diretor? Até que ponto os desenvolvedores são autores de certas mecânicas em seus jogos? Isso certamente renderia outro texto.
Portanto, é importante destacar os elementos que realmente definem a franquia Persona e estão presentes em todos os jogos da série. Persona surgiu como um spin-off de Shin Megami Tensei e, além do combate por turnos, ambas as séries compartilham o mesmo panteão de demônios e personas. No entanto, o que considero a característica central de Persona é sua narrativa urbana e contemporânea, refletindo a época em que cada jogo foi lançado. E são justamente esses aspectos que não encontramos em Metaphor.
A grande dúvida que fica é: o que será da franquia Persona sem Hashino, Soejima e Meguro? Para mim, este é o momento ideal para a Atlus inovar e explorar novas abordagens para a série, assim como fizeram na transição do segundo para o terceiro título. É hora de deixar para trás as marcas dos antigos desenvolvedores e trazer novidades reais, em vez de apenas inovar em cima de elementos já conhecidos.
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